Em uma conversa sobre as gerações futuras, Marina disse: “Elas terão a coragem de mudar o que não conseguimos, porque o meio ambiente e a sociedade serão mais importantes do que os lucros”.

A publicação da “A Próxima Era dos Relatos Corporativos (Sustainability & Reporting 2025)” em março de 2016 só foi possível por causa de alguns parceiros de olho no futuro. Um deles foi Marina Migliorato.

Esta senhora siciliana veio a Roma para estudar e trabalhar. Mas foi depois que ela se tornou uma executiva na ENEL, há mais de 15 anos, que ela pôde usar plenamente suas habilidades para estabelecer colaborações que tenham impacto em grande escala. Na ENEL, ela vem transformando a gestão sustentável da empresa, as relações com os stakeholders e seu posicionamento na agenda internacional.

Conheci Marina durante o desenvolvimento das Diretrizes GRI G4. Ela fez parte do Comitê de Patrocinadores Globais, ajudando a equipe da GRI a manter a visão macro do resultado que estavámos obtendo das consultas multistakeholders globais. A tarefa era complicada, mas Marina não se impressionava e estava sempre pronta para “empurrar a agenda adiante”. “A ENEL é uma multinacional. Diretrizes internacionais são fundamentais para garantir uma linguagem comum sobre questões extra-financeiras“, como ela diz.

Marina trabalha há muitos anos junto ao Pacto Global da ONU. Seu engajamento ajudou a UNGC a atrair grandes empresas para o debate e o compromisso dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o que resultou no lançamento que vimos recentemente.

Nos últimos anos, a ENEL também estabeleceu um diálogo com o Greenpeace, que resultou em um compromisso extremamente importante e visionário da empresa: a gigante de energia ENEL – com operações em mais de 40 países, com negócios que englobam de usinas nucleares a atividades de distribuição de eletricidade em áreas muito pobres do planeta – assumiu um compromisso público com o Greenpeace de encerrar a parte de energia “não renovável” do negócio, que inclui usinas de carvão na Europa. Com essa decisão, o conselho também criou uma nova unidade de negócios, a ENEL Green Power, para focar nas novas áreas, parcerias e inovações necessárias para construir um futuro sustentável e inclusivo.

Durante nossa última conversa sobre esse assunto, perguntei a Marina o que ela acredita que será o maior desafio para essa empresa parcialmente aberta e parcialmente estatal na próxima década. Ela disse: “Teremos que educar os gestores de negócios a estarem prontos para liderar a empresa através de um mundo complexo, interativo e transparente nas próximas décadas. É uma mudança na forma como as pessoas pensam sobre negócios e o valor que podem criar. E nós temos que ser rápidos”.

Por Nelmara Arbex